“Pela fé, embora Sara fosse estéril e ele mesmo já tivesse passado da idade, Abraão tornou-se capaz de ter descendência, porque considerou fidedigno o autor da promessa. E assim, de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão comparável às estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia na praia do mar” (Hb 11, 11-12). Abraão é considerado o “Pai da Fé” pelas três grandes religiões monoteístas, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Para elas, a experiência da presença de Deus tem sua fonte no alto, é revelação, cuja iniciativa é do próprio Senhor. A fé, certeza a respeito daquilo que não se vê (Hb 11, 1), introduz nas realidades humanas um horizonte aberto de proporções inimagináveis. Abraão se encontra presente, quando apostou tudo em Deus, na multidão dos homens e mulheres que, nas sucessivas gerações, volta seus olhos para o alto e para frente.
A graça da
paternidade e da maternidade, experimentada por Abraão e Sara, há de ser posta
em relevo em nosso tempo, pois, de fato, “os filhos são herança do Senhor, é graça
sua o fruto do ventre” (Sl 127, 3). Queremos oferecer, como profecia de um
futuro digno para a humanidade, o presente de famílias cristãs consistentes. A
contribuição genuína dos cristãos, neste campo, é a família una, fiel e
fecunda. Graça e desafio! Aceitar formar famílias segundo esta proposta é antes
de tudo uma vocação a ser descoberta e alimentada. Homem e mulher, pois assim
foi criado o ser humano (Gn 1,27), são tocados pelo amor de Deus para serem
seus sinais. A resposta, desafio a ser assumido, é construída durante a vida
toda.
O coração
humano não foi feito para ser dividido em vários amores. Corpo e alma, com
todas as suas potencialidades, doados como sinal do amor de Cristo e da Igreja.
Chama-se “sacramento” do Matrimônio! Descobrir a pessoa à qual será entregue a
própria vida, não como um título de propriedade a ser adquirido, é a grandeza
do casamento cristão. Trata-se de uma forma de consagração a Deus! Acreditar
que os dois, unidos diante do Senhor, mostram o próprio Deus às outras pessoas
e ao mundo. Nosso mundo clama por testemunhas consistentes de tais valores. Os
casais cristãos descubram de novo a beleza do que receberam do Senhor e
assumiram como vocação.
Com certa
frequência aparecem estatísticas sobre a fidelidade e a infidelidade entre os
casais. Parece uma propaganda das aventuras infelizmente existentes, que podem
suscitar justamente uma banalização de uma das graças do matrimônio cristão.
Desejo homenagear os casais que não submetem sua própria intimidade a perguntas
que os expõem na praça pública. Sintam-se reconhecidos todos os casais fiéis, e
são muito mais do que se divulga! Saibam que a Igreja faz festa com eles por
conservarem, no verdadeiro tabernáculo que é sua vida conjugal, o tesouro da
fidelidade, prometido com plena liberdade quando seu amor se tornou Sacramento.
Não fica esquecido pelo Senhor o dom de suas vidas!
Por falar
em exposição, sim, os casais cristãos têm algo a mostrar! Trata-se dos filhos,
testemunhas da fecundidade do amor verdadeiro. Já se disse que o amor conjugal
não é olhar um para outro a vida inteira, mas olharem os dois numa mesma
direção! Olhar para o alto, participar da graça criadora de Deus, gerar filhos
para a Igreja e para o mundo! É dignidade a ser sonhada e construída pelo homem
e a mulher que se unem no Sacramento do Matrimônio. É graça a ser pedida pelos
que se preparam ao Casamento.
Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como boa nova para o nosso tempo.
Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como boa nova para o nosso tempo.
Daí nasce
o convite aos jovens vocacionados ao matrimônio, para que empreendam um caminho
de discernimento e preparação correspondentes à grandeza do sacramento que
desejam abraçar. Entrem na escola do amor verdadeiro, treinem a capacidade de
escuta e acolhimento, exercitem a saída de si mesmos para dar espaço à outra
pessoa. Peçam a Deus a graça de descobrirem a quem deverão entregar totalmente
suas vidas. Sejam anunciadores de novas famílias, renovadas no Espírito Santo.
Aos casais
cristãos, chegue o convite da Igreja a edificarem cada dia seus lares sobre o
fundamento da fé, de modo a transmitirem valores consistentes aos filhos e os
testemunharem à sociedade. Deus lhes confiou muito! A Evangelização de seus
filhos começou quando estes foram gerados no amor, deixando neles uma marca
indelével. Continuou quando vocês lhes ensinaram os rudimentos da fé cristã.
Benditas foram as orações que lhes foram ensinadas! Deem graças ao Senhor
porque vocês os apresentaram à Igreja para os Sacramentos, quando os
encaminharam à Catequese. Aliás, vocês foram os primeiros catequistas! Deus
lhes pague e confirme sua vocação na transmissão e educação da Fé Cristã na
Família, como quer celebrar a Semana Nacional da Família. Deus seja louvado
pelos valores cristãos que existem em nossas famílias, santuários da fé e da
vida!
Com as
famílias e pelas famílias, rezamos confiantes no dia dos pais: “Deus eterno e
todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração
de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Amém!”
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém (PA)
Arcebispo de Belém (PA)
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