17 de abr. de 2012

Lc 24, 35-48 "Sou Eu Mesmo! Tocai em Mim e Vede"


      Antes de fazermos a segunda leitura do Evangelho vamos ver o contexto onde ele se encontra. Vamos examinar todo o capítulo 24. Começa com uma pequena narração da ressurreição, onde as mulheres vão perfumar o corpo de Cristo e Ele não estava mais lá no sepulcro. Em seguida Pedro vai até lá e o anjo anuncia que Jesus ressuscitou. Logo após temos a narração dos discípulos de Emaús, que andavam tristes e Jesus ia conversando com eles, mas eles não percebiam que era o Cristo. Apenas quando Ele partiu o pão, o que é esse partir o pão? É a Eucaristia. Só após a Eucaristia foi que eles reconheceram Jesus e foram para Jerusalém, mas eles foram devagar? Pegaram o ônibus para Jerusalém? Não, saíram chutados mesmo, tão rápido que chegaram lá em aproximadamente uma hora, sendo que eram 40 e poucos quilômetros de distância. Mas eles tinham de anunciar de pressa. E as únicas palavras eram Ele está vivo, é o que todas as testemunhas disseram: Ele está vivo!

E como tinham reconhecido Cristo no partir do pão, nós também assim como os discípulos temos de conhecer Jesus na Eucaristia, e também assim como eles, sair correndo para anunciar o que vimos e testemunhamos. O Seu amor.

Quando Cristo diz “a paz esteja convosco” Ele esta anunciando a sua chegada, porqe Ele é a própria paz. A verdadeira, e única Paz.
     
      Lucas nos narra que os discípulos estão com medo diante do ressuscitado, pensando ver um fantasma. Jesus insiste: “Sou eu mesmo! Tocai em mim!” Mas, diante da surpresa e perplexidade dos discípulos ele precisa pedir comida. Um fantasma não come. Para se fazer conhecer, Jesus pede algo para comer. Se alguém duvida, ai está a grande prova de sua presença. Na experiência do “comer juntos”, os discípulos o reconhecem.

A liturgia deste domingo repete aquela cena em quem cada cristão gostaria de ter vivido. Cena que cada um de nós gostaria de ter estado presente naquele lugar onde os discípulos por duas vezes viram a pessoa de Cristo  ressuscitado aparecer de repente no meio deles. Uma prova histórica da sua ressurreição e da sua divindade.
    
      “O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Vocês são testemunhas dessas coisas.
     
       Sim. Nós somos testemunhas dessas coisas como se as  tivéssemos presenciado com nossos próprios olhos. Nós acreditamos mesmo sem ter visto o ressuscitado antes e depois. 
      
      Porque era preciso que o Cristo padecesse? Era preciso? Porque há tanto sofrimento no mundo? É preciso mesmo? Que nova luz o Evangelho deste domingo nos traz?
     
      O motivo pelo qual “era preciso”  que o Cristo padecesse não é o desejo de Deus, mas o respeito à liberdade humana.
     
      O Deus em que cremos não quer que o coração humano o acolha à força, não quer que o amor seja vivido sob pressão, o Deus em que cremos continua amando mesmo quando nosso coração de pedra se fecha ao seu amor e mata seu filho amado...
     
      Era preciso que no início do século XXI tantos inocentes morressem em guerras cujo centro é a sede de poder econômico? Era preciso que tantas crianças ficassem órfãs nas guerras nacionais e internacionais num tempo como o nosso em que se conhece o caminho da paz? Não, não era, e nem é preciso.

À luz das Escrituras quase ousamos dizer que sim... sim, porque Deus não muda o curso da história, mas teimosamente ressuscita as vítimas desta história fazendo dos sobreviventes suas testemunhas...
     
      Mais uma vez o Ressuscitado vem ao nosso encontro na celebração dominical, para nos abrir a inteligência e se fazer pão para nós, mais uma vez ele nos desafia a anunciar que ainda que, aparentemente forças de morte pareçam vencer o justo e eliminá-lo, a Vida ainda é a última palavra: e disso nós somos testemunhas.

Nesta semana somos desafiados a ler com um novo olhar as notícias, a contemplar os pequenos sinais da vitória da vida que não estão publicados em manchetes de jornais mas que sinalizam que Cristo ressuscitou.
     
      Na liturgia de hoje a expressão: “Era preciso...” continua a ecoar em nossos corações como este convite à conversão. Homens e mulheres cristãos, que iniciamos este tempo novo que é o século XXI, somos desafiados a um testemunho que leve à conversão, somos desafiados a anunciar que a vida vence a morte por causa do amor de nosso Deus que teimosamente insiste em se fazer pão para nós, em nos unir em pequenas ou grandes comunidades de fé, em chamar novos discípulos para seu Reino, em dizer mais uma vez nesta celebração: “A Paz esteja convosco!”.
     
      Sim, somos testemunhas de que não é apesar da morte de Jesus crucificado que a vida vence a morte, mas a partir do amor de Deus que vence a força desta morte e nos faz testemunhas da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário