22 de ago. de 2013

Oração do catequista Viver com Jesus Cristo


Fui chamado para anunciar tua Palavra.
Ajuda-me, Senhor, a viver centrado em ti, e ser instrumento de tua paz.
Acompanha-me com a tua luz, para que os catequizandos confiados a mim, possam constatar que sou testemunha do teu evangelho.
Toca o meu coração para que minha vida seja transparente, a tal ponto que ao pronunciar as tuas Palavras, elas possam ressoar sempre verdadeiras e não falsas.
Gera em mim um fascínio potente, para que os meus catequizandos:
Pensem como tu, amem as pessoas como tu, vejam a realidade como tu.

Concede-me a alegria de exercer minha missão em comunhão contigo e com todos que precisam de mim e com a tua Igreja.
Tenho medo, Senhor, da minha pobreza no saber.
Dá-me, porém o conforto de ver os meus catequizandos crescendo e valorizando por estarem a serviço da vida, como tu o disseste: “Eu vim para que todos tenham vida” (João 10,10).

Faz de mim silêncio, para escutá-los.
Faz de mim caminho, para acompanhá-los.
Faz de mim pisadas, para segui-los.
Faz de mim descanso, para escutá-los.
Faz de mim vento, para ampará-los.
Faz de mim porta, para acolhê-los.
Infunde em mim uma grande paixão para com a tua verdade.
Confia-me à tua mãe.
Dá-me coragem de cuidar dos catequizandos como tu ensinaste com a parábola do “Bom Samaritano”.

Preciso repousar a minha cabeça nos teus ombros, para sentir tua força, ternura e entusiasmo para anunciar-te sempre.

As Bem-Aventuranças do Catequista

Ser catequista é ser encantador de gente, como Jesus foi. Ser encantador de gente se aprimora com o tempo e talvez seja uma das coisas mais lindas do Catequista: ser capaz de “abrir os olhos” das pessoas para a vida, para si mesmas, para o sagrado mistério do mundo e de Deus.

É uma delícia ser catequista, mesmo em meio a dor, sofrimento, dúvidas e decepções. Por isso, o catequista precisaser declarado Feliz ou Bem-Aventurado:

Bem-aventurado o catequista que se sente chamado, no fundo do fundo de si mesmo, para essa missão. Foi capaz de ouvir a voz amorosa de Deus que o convida a ser companheiro na tarefa de construir um mundo novo.

Bem-aventurado o catequista que se descobre incompleto e, por isso, se coloca a caminho, em busca de formação, de reflexões, de conversas, de partilhas de experiências. É capaz de perder noites de sono, de dedicar dias inteiros a estudar, a ler bons livros, porque sabe que a educação da fé é uma arte que precisa de muita dedicação.

Bem-aventurado o catequista que se esforça para participar do seu grupo de catequistas porque acredita que o trabalho em conjunto é capaz de remover obstáculos e criar coisas novas. Sabe que a amizade é o encantador tempero da caminhada e da vida.

Bem-aventurado o catequista que mesmo sem recursos disponíveis aprendeu a ser criativo, sobretudo na arte de ser amigo dos catequizandos e soube inventar lugares e meios para anunciar a beleza de ser cristão e viver em comunidade.

Bem-aventurado o teimoso catequista que não desiste diante de desafios que aparecem na Igreja, na comunidade, no grupo de catequistas, no trabalho com os catequizandos. É capaz de chorar as “mágoas”, sem endurecer o coração. Tem o dom de se alegrar imensamente com as pequeninas conquistas e passos dados.

Bem-aventurado o catequista que descobriu a internet e as redes sociais como lugar de evangelização. Percebeu que Deus se revela em todo lugar. Está atento às novas linguagens e tem na música, na arte, no cinema, na poesia, formas privilegiadas para a transmissão da fé no mundo de hoje.  

Bem-aventurado o catequista que percebeu que sem a Beleza a experiência cristã e a catequese permanecem incompletas, porque Deus é Beleza, esplendor e espanto. A educação da fé provoca a admiração, sobressaltos de infinito, paixão pelo Absoluto, uma inexplicável emoção que nos derruba nos caminhos de Damasco, que são os de todas as vidas e nos faz novos e inquietos.

Bem-aventurado o catequista que apaixonado pela Palavra de Deus, descobriu na experiência de seguir Jesus Cristo a alegria de viver e anuncia a Fé na Vida. Por isso, procura ser íntegro, justo, solidário, verdadeiro, de bem com a vida, comprometido com a comunidade de fé.
  
Bem-aventurados os catequistas que foram e são capazes de inspirar a caminhada, agregar pessoas, vislumbrar novos horizontes para a catequese neste país. Souberam prever ou apontar desafios e saídas em momentos de crise e escuridão. Conseguiram manter acesa a chama da alegria, apesar dos dramas que surgem no cumprimento da missão.

Não se trata de ser perfeito, mas consciente da sua imperfeição, o catequista é Feliz porque ama e se deixa surpreender pelo amor de Deus.


Lucimara Trevizan
Coordenadora da Comissão de Catequese do Regional Leste 2


Fonte: Catequese Hoje

Ser catequista é uma alegria!

19 de ago. de 2013

Semana Nacional da Família se encerra com saldo positivo

la-sacra-famiglia1

Semana Nacional da Família atinge seu objetivo

Na maioria das comunidades paroquiais brasileiras e no exterior foi celebrada a beleza da família, através das inúmeras criatividades dos agentes que acreditam, amam e empenham-se pela família para promovê-la como Igreja Doméstica.
Durante toda essa semana que passou tivemos inúmeras  palestras, conferências, seminários que ocuparam a atenção de milhares e milhares de pessoas que querem conhecer mais a família  para amá-la mais como “tesouro preciosos dos povos latino-americanos” .
Nas capelas, matrizes, catedrais o nosso povo de Deus católico e cristãos de diversas denominações religiosas festejou  a vida familiar nas Celebrações Eucarísticas Dominicais, Cultos  e nas Celebrações da Palavra onde não havia a presença de um presbítero a importância da família como lugar adequado para a felicidade humana e de transmissão e educação da fé.
Foram realizadas diversas caminhadas, procissões e outros eventos pelas ruas das cidades desse nosso enorme Brasil; difícil foi encontrar uma cidade que não tivesse uma manifestação pública em favor da família cristã.
Como o perfil do nosso povo brasileiro é de alegria não poderia faltar a festa social da família, através dos almoços, cafezinhos e comes e bebes após algum evento do anúncio e promoção da família.
A família querida por Deus foi visibilizada de forma mais vigorosa, nessa semana que passou, pelas diversas manifestações sociais e religiosas em favor da família, composta por um homem, uma mulher e filhos e, na promoção da vida que deve ser respeitada, protegida e cuidada desde a concepção até o seu término natural.
Muitas cidades, graças a Deus, puderam mostrar e reivindicar aos governantes, deputados e senadores que somos contrários a todo tipo de ameaça à vida, e ainda, que temos consciência da mobilização radical do governo atual para aprovar o assassinato de crianças através do aborto.
A Semana Nacional da Família trouxe como em todos os anos um novo vigor em todas as pessoas, que estão todos os dias empenhadas na evangelização em prol da família cristã. Nesse ano pudemos constatar uma unidade mais efetiva e afetiva entre a Pastoral Familiar, Equipes de Nossa Senhora, ECC e tantos outros movimentos e serviços na elaboração, organização e participação na Semana dedicada a família.
Deus seja louvado pela nossa Semana Nacional da Família 2013 pela ação de Deus em nosso meio. Só resta-nos agradecer ao bom Deus o dom precioso que é a Família Cristã e tantas bênçãos derramadas em cada lar, em cada Comunidade Paroquial, em cada grupo que se reuniu para rezar, refletir e promover a família. E, principalmente, pela maior unidade entre os cristãos católicos que através dos movimentos, pastorais e serviços realizaram o desejo do único e supremo Pastor: “que todos sejam um”.
Deus seja bendito pela nossa Semana Nacional da Família 2013, que com a carta e a bênção apostólica do nosso Santo Padre, poder possibilitar novo vigor e ardor na evangelização a favor da família, através de inúmeras, diversas e criativas ações evangelizadoras na promoção da família, dentro e fora das Igrejas. Pelos bispos, padres, diáconos, seminaristas e religiosos que puderam acompanhar e incentivar a nossa Semana Nacional da Família.
Deus seja honrado pelos filhos da Igreja que se manifestaram publicamente á favor da vida e contrários a toda espécie de manipulação e leis que favorecem o assassinato de inocentes crianças. Principalmente, no ambiente escolar. E pela maciça venda da Hora da Família, mais de 250 mil exemplares espalhados pelo nosso Brasil e exterior.
Enfim, Deus seja louvado, bendito, honrado e adorado pelas atividades e ações evangelizadoras em prol da família cristã, em especial, na transmissão e educação da fé cristã aos filhos, que aconteceram nessa Semana. Podemos hoje elevar a Deus um hino der louvor por cada pessoa que organizou, participou e motivou a nossa Semana Nacional da Família.
“Fazendo votos de que vocês, queridas famílias brasileiras, sejam o mais convincentes arautos da beleza do amor sustentado e alimentado pela fé e como penhor de graças do Alto, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a todos concedo a Benção Apostólica”  Francisco.
Na certeza de missão cumprida, e iniciada, suplicamos as mais copiosas bênçãos de Deus pelas famílias brasileiras. Que a Santíssima Trindade modelo de família e a intercessão de Nossa Senhora do Bem Aventurado São José, com a intercessão de todos os casais e famílias santas e beatas torne cada vez mais fecundo toda e qualquer ação evangelizadora em favor da família.
A transmissão e a educação da fé cristã na família”, encorajando os pais nessa nobre e exigente missão que possuem de ser os primeiros colaboradores de Deus na orientação fundamental da existência e a segurança de um bom futuro. Para isso, “é importante que os pais cultivem as práticas comuns de fé na família, que acompanhem o amadurecimento de fé dos filhos” (Carta Enc. Lumem Fidei, 53).

Francisco (carta pela ocasião da Semana Nacional da Família – 2013)
Padre Wladimir Porreca
Assessor nacional da Família/CNBB

Vida Consagrada em tempos complexos: mensagem da CNBB aos religiosos e religiosas

cnbb logo

MENSAGEM  DO PRESIDENTE DA COMISSÃO PARA OS MINISTÉRIOS ORDENADOS E A VIDA CONSAGRADA DA CNBB, AOS RELIGIOSOS E ÀS RELIGIOSAS DO BRASIL
 
VIDA CONSAGRADA, EM TEMPOS COMPLEXOS. QUAL É A SAIDA?

Amado, amada de Deus, consagrado, consagrada do Reino, 
Tenho sede!
No clássico da literatura universal, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, há uma cena em que Alice está perdida e, de repente, vê, no alto da árvore, um gato. Ela olha para ele e diz:
- Alice: "Você pode me ajudar?"
- Gato: "Sim, pois não".
- Alice: "Para onde vai essa estrada?"
- Gato: "Para onde você quer ir?"
- Alice: "Eu não sei, estou perdida".
- Gato: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve".
Nesta mesma obra, em outra cena:
- Alice: “Onde fica a saída?"
- Gato: “Depende”.
- Alice: “De quê?”
- Gato: “Depende de para onde você quer ir”.
Querido irmão, querida irmã, não é minha intenção - não tenho este direito -, comparar a Vida Religiosa Consagrada com Alice, com o gato, e nem com o fato de Alice estar perdida. O que gostaria de dizer é que, nas encruzilhadas da vida, “se o homem não sabe aonde quer chegar, qualquer direção parecerá certa” (LaoTsé). E ainda mais: "nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir" (Sêneca). Dizia meu pároco, de saudosa memória: “o que cansa não é a caminhada; é a pressa de chegar ou não querer chegar”.
Creio que muitos de nós já cantamos esta linda canção: “Perdido, confuso, vazio, sozinho na estrada, tentando encontrar um caminho que seja o meu, não importa se é duro, eu quero buscar. Caminheiro, você sabe, não existe caminho. Passo a passo, pouco a pouco e o caminho se faz.Iguais, são todos iguais, ninguém tem coragem sequer de pensar. Será que ninguém é capaz de sentir esta vida e com ela vibrar? Será que não vale a pena arriscar tudo, tudo e a vida encontrar?” (Bendito B. Prado).
Andança, itinerância, mendicância, provisoriedade, missionariedade. Errante, vagante; risco, desânimo, solidão, desafio, perda, crise... Quem ainda não enfrentou tais situações ou vivenciou tais estados de ânimo? Porém, tudo passa! Só Deus basta! Sejamos firmes, fortes e fieis. “Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião: nunca se abala, está firme para sempre” (Sl 125,1). Quem assim age pode ser comparado a uma casa construída sobre a rocha. Cai a chuva, vem a tempestade, sopra o vento e a casa não cai, pois está firmemente alicerçada (cf. Mt 7,24). Ele precisa apenas do nosso pedido: “permanece conosco, Senhor” (Lc 24,29).
Diante dos desafios, das dificuldades, dos embates e dos combates que a Vida Consagrada enfrenta hoje, como de resto, a própria Igreja, somos tentados a pensar que ela esteja em mar bravio, com seu barco a deriva, sem timoneiro, sem horizonte, confusa, na noite escura, sem perspectiva de um amanhecer banhado de sol. Quantas vezes nos sentimos perdidos, como Alice no País das Maravilhas, à espera de alguém que nos indique uma direção certa e segura.
No entanto, não nos esqueçamos: somos discípulos e discípulas de Jesus! Em meio às tormentas da vida, jamais podemos nos sentir perdidos como Alice! Cristo é nosso Amigo e nosso Guia, nossa Força e nossa Rocha, nossa Esperança e nossa Alegria e nossa certeza de Vitória. As dificuldades e as perseguições fazem parte de quem se faz discípulo de Cristo. Elas são sinais que purificam o nosso sim a Jesus.
A Vida Religiosa Consagrada é uma caminhada bela e edificante. E, nesta caminhada, haverá de cruzar e atravessar os umbrais do ponto focal, do ponto de partida e do ponto de chegada. A Vida Religiosa Consagrada tem seus segredos, seus encantos e suas paixões. O segredo da vocação à Vida Religiosa Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua Igreja e pelo seu povo. Ninguém segue fielmente, por muito tempo, a alguém por quem não tenha encantamento. O segredo da fidelidade na Vida Religiosa Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua pessoa, seu evangelho e seu projeto de vida.O segredo do seguimento missionário do consagrado e da consagrada está no encantamento pelo estilo e pelo modelo de vida missionária de Jesus. O segredo da vida espiritual do consagrado e da consagrada está na capacidade de se encantar ou se reencantar cada dia, de começar sempre de novo, e partir, sem olhar para trás. O segredo da Vida Consagrada está na fidelidade e na perseverança. Quem assim não vive, a chama da vocação se apaga e a vida perde o seu sentido e vira fadiga e rotina. Neste estado de ânimo, dificilmente uma vocação se manterá fiel e perseverante à obra e à missão.
O papa Francisco, falando, recentemente, aos seminaristas, aos noviços e às noviças, chamou-nos a atenção para quatro pontos que consideramos fundamentais e inegociáveis para a vida e missão da pessoa consagrada a Deus:
1.    Fujam do perigo da cultura do provisório:"eu não culpo vocês. Reprovo esta cultura do provisório que não nos faz bem, pois, uma escolha definitiva hoje é muito difícil. Na minha época era mais fácil, porque a cultura favorecia uma escolha definitiva tanto para a vida matrimonial, quanto para a vida consagrada ou sacerdotal, mas nesta época não é fácil uma escolha definitiva. Nós somos vítimas desta cultura do provisório".
2.    Sintam-se alegres por serem amados e chamados por Deus:“ao nos chamar, Deus nos diz: “você é importante para mim, eu te quero bem, conto contigo”. Entender isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amados por Deus, sentir que para Ele não somos números, mas pessoas. Sentir que é Ele quem nos chama. Tornar-se sacerdote, religioso e religiosa não é, antes de tudo, uma escolha nossa, mas a resposta a um chamado e um chamado de amor".
3.    Sigam o caminho do amadurecimento, na paternidade e maternidade pastorais:"vocês, seminaristas e religiosas, consagrem o seu amor a Jesus, um grande amor; o coração é para Jesus. E isso nos leva a fazer o voto de castidade, o voto de celibato. Mas os votos de castidade e do celibato não terminam no momento dos votos, continuam. Quando um sacerdote não é pai de sua comunidade, quando uma religiosa não é mãe de todos aqueles com os quais trabalha, se tornam tristes. Este é o problema. A raiz da tristeza na vida pastoral é a falta de paternidade e maternidade que vem da maneira de viver mal esta consagração, que nos deve levar à fertilidade. Não se pode pensar num sacerdote ou numa religiosa que não são fecundos. Isso não é católico! Esta é a beleza da consagração: é a alegria, a alegria".
4.    Sintam-se chamados a uma Igreja missionária:"Deem sua contribuição em favor de uma Igreja assim: fiel ao caminho que Jesus quer. Não aprendem conosco, que não somos mais jovens; não aprendam conosco aquele esporte que nós, os velhos, muitas vezes fazemos: o esporte da reclamação. Não aprendam conosco o culto da reclamação. É uma deusa que se lamenta sempre. Sejam positivos, cultivem a vida espiritual e, ao mesmo tempo, sejam capazes de encontrar as pessoas, especialmente as desprezadas e desfavorecidas. Não tenham medo de sair e caminhar contracorrente. Sejam contemplativos e missionários...”
Caríssimo e caríssima, independente do que vocês fazem, somente pelo modo de vocês viverem a especial consagração a Deus e aos irmãos e irmãs, mais necessitados, vocês sempre me provocaram admiração, encanto, fascínio, paixão e vontade de imitá-los. Dentre tantos elementos que me fascinam, gostaria de destacar alguns:
1. Nas congregações, nos conventos, nos mosteiros, nas abadias, nas clausuras, nas casas de serviços e de inserções, surgiram os maiores e os mais queridos santos e santas da Igreja católica.
2. Nas universidades e faculdades, nos colégios e nas escolas católicas, vocês formam os maiores e os melhores teológos e teólogas, mestres e doutores que alimentam a vida com o sabor e o saber do evangelho de Jesus Cristo.
3. Vocês vivem os mais ricos e os mais bonitos estados de vida cristã: ativa, apostólica, mística, ascética, monástica, contemplativa. Tudo isso através das duas mãos da evangelização: a diaconia fraterna do serviço (Marta) e a diaconia da oração e da contemplação (Maria).
4. Nos hospitais, nas creches, nos orfanatos, nos pensionatos e nas outras modalidades das redes do amor social, vocês geram ou transformam vidas, mentes e corações, curando feridas, enxugando lágrimas, amenizando dores e cuidando dos sofrimentos de muitos irmãos e irmãs que batem às portas das beneméritas instituições de caridade cristã e de promoção social. Vocês vivem, em primeira pessoa, o que muito bem disse Madre Teresa de Calcutá:“Aqueles que ninguém quer, nós, cristãos, os queremos”.
5. Vocês, na Igreja católica, possuem os melhores e mais bonitos modelos de vida fraterna: tudo em comum, num só coração e numa só alma. A exemplo das primeiras comunidades cristãs, entre vocês ninguém passa necessidade (cf. At 4,32s).
6. Vocês preparam os melhores mestres em espiritualidade, os maiores místicos, missionários e mártires, que derramam seu sangue e dão suas vidas em resgate de muitos, como fez Jesus.
7. Vocês vivem, com corações indivisos, os maiores conselhos evangélicos: a obediência, a pobreza e a castidade.
8. Vocês vivem a forma multifacetária da vida cristã: homem e mulher; vocações laical, missionária, religiosa, especial consagração; papa, bispos, padres, diáconos, irmãos, irmãs, leigos e leigas...
Mas, como disse Jesus, a quem muito é dado, muito será exigido. Vocês estão pagando preço muito alto, por causa das ousadias e das audácias missionária, evangelizadora e apostólica (cf. DAp 273,549, 552). No momento atual vocês estão atravessando mares bravios. Entre estes, destacamos apenas dois que estão na origem dos demais desafios: a diminuição das vocações à Vida Religiosa Consagrada tradicional e o aumento das vocações às novas formas de vida consagrada.
Por fim, caro amigo, cara amiga, aceitem, de bom grado, o convite de Aparecida (551): “levemos nossos navios mar adentro, com o poderoso sopro do Espírito Santo, sem medo das tormentas, seguros de que a Providência de Deus nos proporcionará grandes surpresas”. Amém!

 
“Amo a todos vocês no Cristo Jesus” (1Cor 16,24).
Deus os/as abençoem!  
Brasília, 19 de julho de 2013 
Encerramento da AG da CRB.

Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas e
Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada

17 de ago. de 2013

Mensagem aos/às catequistas do Brasil



Um grande grito de louvor e ação de graças brota do nosso coração, por ocasião, mais uma vez, do Dia do/a Catequista. Nele celebramos o ministério bíblico-catequético de todos nós, tão essencial na vida da Igreja! O que seria da Igreja no Brasil, sem a plêiade de catequistas espalhados por todas as “periferias existenciais” do seu imenso território?
Neste ano de 2013, ainda em pleno Ano da Fé, fazemos a memória sagrada do documento “Catequese Renovada”. Desejo que cada um/uma de vocês sinta profunda alegria, não somente pelo documento escrito, mas por causa de toda a vida que ele gerou e impulsionou em nossa caminhada eclesial. Muitos de vocês, os/as mais vividos/as, guardam na mente e no coração o grande mutirão – um verdadeiro “vendaval” provocado pelo Espírito Santo - que trazia um dinamismo novo à nossa prática bíblico-catequética. Todos nós vimos ou ouvimos falar do imenso esforço feito por pessoas que gastaram o melhor de suas vidas para divulgar e tornar vivo em nossas comunidades este espírito novo.  Quero destacar, de modo muito especial, o Frei Bernardo Cansi, que já está na casa do Pai, de onde continua a nos inspirar. Este homem fez da “Catequese Renovada” sua grande missão para servir Jesus Cristo de forma incansável: uma verdadeira paixão que contagiou milhares de catequistas por todo o Brasil. Na pessoa dele agradecemos a Deus toda a nuvem de catequetas e biblistas a serviço da renovação bíblico-catequética. E também agradecemos a Deus por cada um de vocês que até hoje lutam e, sem esmorecer, continuam a lutar para tornar realidade o processo de Iniciação à Vida Cristã e de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral, que são os frutos atuais desse esforço de renovação.
Neste Dia do/a Catequista também não podemos deixar de lembrar o que aconteceu entre nós há um mês atrás . O profundo processo bíblico-catequético desencadeado pela JMJ, envolvendo grande número de bispos, presbíteros, religiosos e leigos – especialmente jovens -, mas tendo o papa Francisco como catequista principal. Ele apareceu diante de nossos olhos maravilhados de uma maneira muito simples mas profundamente tocante de evangelizar. Uma catequese, feita por ele, de gestos, de atitudes, de simbologias e de palavras cheias de afeto e unção dirigidas ao coração dos jovens e de todas as pessoas, provocando ânimo, coragem, esperança e intensa alegria. Uma perfeita experiência de catequese “comunitária, vivencial e bíblica”, como o próprio documento “Catequese Renovada” propõe.
Por fim recordamos, agradecidos, o papel de Nossa Senhora Aparecida, grande catequista que sustenta a fé, a esperança e o amor do nosso povo brasileiro. Que ela esteja sempre ao nosso lado e nos alcance a bênção da Trindade Santa!
PARABÉNS, queridos/as catequistas da nossa Igreja no Brasil!


Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas/RS
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética

Mensagem e benção do Papa Francisco aos participantes da Semana Nacional da Família 2013


No último dia 6 de agosto, o Papa Francisco enviou uma benção apostólica para os fiéis, comunidades e paróquias que participam, no Brasil, da Semana Nacional da Família. A programação, que ocorre entre os dias 11 e 17 de agosto, faz a reflexão do tema “Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família”. O evento é animado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB.
A seguir, a íntegra da mensagem do Papa Francisco:
Vaticano, 6 de agosto de 2013
Queridas famílias brasileiras,
Guardando vivas no coração as alegrias que me foram proporcionadas durante a recente visita ao Brasil, me sinto feliz em saudá-las por ocasião da Semana Nacional da Família, cujo tema é “A transmissão e a educação da fé cristã na família”, encorajando os pais nessa nobre e exigente missão que possuem de ser os primeiros colaboradores de Deus na orientação fundamental da existência e a segurança de um bom futuro. Para isso, “é importante que os pais cultivem as práticas comuns de fé na família, que acompanhem o amadurecimento de fé dos filhos” (Carta Enc. Lúmem Fidei, 53). Neste sentido, os pais são chamados a transmitir, tanto por palavras como, sobretudo pelas obras, as verdades fundamentais sobre a vida e o amor humano, que recebem uma nova luz da Revelação de Deus. De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana, os pais são chamados a transmitir aos seus filhos a consciência de que esta deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade, mas também na atenção aos mais velhos, especialmente aos avós, que são a memória viva de um povo e transmissores da sabedoria da vida. Fazendo votos de que vocês, queridas famílias brasileiras, sejam o mais convincentes arautos da beleza do amor sustentado e alimentado pela fé e como penhor de graças do Alto, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a todos concedo a Benção Apostólica.

Francisco

Desafios na educação cristã/católica dos filhos


O principal desafio que a família de hoje deve estar atenta na educação cristã dos seus filhos não é religiosa, mas antropológico, a maneira, a visão, a concepção em entender quem é o ser humano: a ditadura do relativismo segundo o qual não existe uma verdade única, objetiva, geral para todos sobre quem é o ser humano e, por conseguinte, tampouco sobre o matrimônio e sobre a família. Evidencia-se, assim, o individualismo, em que cada um faz o quer e como quer.
O relativismo e o individualismo afirmam também que não existe um Deus comum a todos, cada um cria e se relaciona com seu próprio Deus e tampouco existem verdade única, normas éticas e valores permanentes. Cada um deve acreditar e fazer no que é melhor para sim mesmo na construção da sua própria felicidade. Eu sou a minha própria verdade e caminho. 
Assim, os juízos sobre os valores morais, quer dizer, sobre o que é bom ou mau e, por isso, sobre o que deve fazer ou omitir, não pode proceder segundo o arbítrio individual. O ser humano, no mais profundo da sua consciência, descobre a presença de uma lei que ele não dita a si mesmo e à qual deve obedecer. Esta lei foi escrita por Deus no seu coração, de modo que, além de aperfeiçoar-se com ela como pessoa, será de acordo com esta lei que Deus o julgará pessoalmente.
Diante da realidade relativista e condicionante, a família tem hoje a inevitável tarefa de transmitir aos seus filhos a verdade sobre quem é a pessoa humana e como essa pode atingir a satisfação de todas as suas necessidades. Como já ocorreu nos primeiros séculos, hoje é de capital importância conhecer e compreender a primeira página do Gênesis: existe um Deus pessoal e bom, que criou a sua imagem e semelhança o homem e a mulher com igual dignidade, mas diferentes e complementares entre si, e deu-lhes a missão de gerar filhos, mediante a união indissolúvel de ambos em uma só carne (matrimônio). Um ser humano que é essencialmente relação e comunhão.
O ser humano recebeu de Deus uma incomparável e inalienável dignidade, criado à sua imagem e semelhança e destinado a ser filho adotivo. Cristo, com sua encarnação nos concedeu essa graça, somos filhos de Deus. Por ter sido criado à imagem de Deus, o ser humano tem a dignidade de pessoa: não é só alguma coisa, um ser individual de produção e lucro, mas alguém.
É capaz de conhecer-se, de dar-se livremente e de entrar em comunhão com outras pessoas. Esta relação com Deus e com outras pessoas pode ser ignorada, relativizada, esquecida ou removida, mas jamais pode ser eliminada, porque faz parte constitutiva do ser humano, seria o mesmo que eliminasse das pessoas o respirar, alimentar-se, dormir. Isolar-se é adoecer. 
As consequências de não correspondência ao desígnio de Deus são desastrosas para a pessoa, a família e a sociedade. Assim se explica a justificação do aborto como um direito da mulher, as tentativas de legalizar a eutanásia, o controle artificial dos nascimentos, as leis cada vez mais permissivas do divórcio, as relações extraconjugais, as uniões homoafetivas e outras.
Amar significa dar e receber o que não se pode comprar nem vender, mas só presentear livre e reciprocamente. Graças ao amor, cada membro da família é reconhecido, aceito e respeitado em sua dignidade. Do amor nascem relações vividas como entrega gratuita, e surgem relações desinteressadas e de solidariedade profunda. Como a experiência o demonstra, mesmo das famílias em constante conflito e tensão, a família constrói cada dia uma rede de relações interpessoais e prepara para viver em sociedade na possibilidade e ideário de um clima de respeito, justiça e verdadeiro diálogo.
Os pais ter a autoridade de educar hoje a seus filhos com confiança e valentia nos valores humanos e cristãos, começando pelo mais radical de todos: a existência da verdade e a necessidade de procurá-la e segui-la para realizar-se como pessoas humanas. Outros valores chave hoje são o amor à justiça e a educação sexual clara e delicada que leve a uma valorização pessoal do corpo e a superar a mentalidade e a praxe que o reduz a objeto de prazer egoísta.
A família, em sintonia com a Igreja e, mais em particular, com o Papa, os bispos e os padres colabora com que as pessoas desenvolvam alguns valores fundamentais que são imprescindíveis para formar cidadãos livres, honestos e responsáveis, por exemplo, a verdade, a justiça, a solidariedade, a partilha, o amor aos outros por si mesmos, a tolerância. Uma mesa que prepara a mesa da Eucaristia, em que todos compartilham os mesmos alimentos. A criança vai incorporando assim critérios e atitudes que o ajudarão mais adiante nesta outra família mais ampla que é a sociedade.

Pe. Wladimir Porreca

Assessor nacional para a Vida e a Família/CNBB

Dedicação às crianças e adolescentes na educação cristã


Prezado irmão (ã),
Agradeço a dedicação às crianças e adolescentes na educação cristã, num momento em que se multiplicam situações que colocam em risco o caminho de maturidade e a própria existência de muitos jovens, ao mesmo tempo em que emergem ataques cada vez mais intensos à família cristã.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF) da CNBB, atenta a essas realidades, está procurando fortalecer as relações familiares através de inúmeras ações evangelizadoras, produzindo, inclusive, diversos subsídios que podem auxiliar nesta tarefa.
A cada ano é escolhido um tema que orienta essas iniciativas. Neste ano, o grande tema é “A transmissão e educação da fé cristã na família”. Reconhecendo a potencialidade das suas atividades educacionais cristãs quer com crianças e adolescentes, quer com os pais, venho por meio desta, pedir que avalie a conveniência de uma cooperação com a CEPVF, que presido, com a finalidade de expandir e fortalecer nosso esforço evangelizador.
A CEPVF vem organizando há muitos anos a “Semana Nacional da Família”, que se realiza na 2ª. semana de agosto. Neste ano, o tema será: “A transmissão e educação da fé: tarefa dos pais”. Seria de extraordinária importância que a rede de centros educacionais que o senhor coordena, incorporasse a “Semana Nacional da Família” como temática anual no calendário escolar.
Também seria desejável que fosse apresentado, para ser utilizado como um dos instrumentos de trabalho, se considerar conveniente, o subsídio “Hora da Família”, que contem: 7 roteiros de reflexão sobre o tema, 7 histórias de casais beatificados e roteiros para celebrações em família. Esperamos estabelecer formas de cooperação tendo em vista o bem da família e a educação das novas gerações, no horizonte da Nova Evangelização, procurando concretizar em nossa história o desígno de Deus.
Que Deus abençoe e torna cada vez mais fecundo o seu trabalho na educação cristã.
Saudações em Cristo Ressuscitado.

Dom João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari (BA)
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB

A importância da família



Nesta semana, de 11 a 17 de agosto, com início no dia dos pais, celebramos a Semana Nacional da Família, cujo tema este ano é: “A transmissão e educação da fé cristã na família”. “A família é base da sociedade e o lugar onde as pessoas aprendem pela primeira vez os valores que os guiarão durante toda a vida", dizia o saudoso Papa João Paulo II. “Na medida em que a família cristã acolhe o Evangelho e amadurece na fé torna-se comunidade evangelizadora. A família, como a Igreja, deve ser um lugar onde se transmite o Evangelho e donde o Evangelho irradia. Portanto no interior de uma família consciente desta missão, todos os componentes evangelizam e são evangelizados... Tal família torna-se, então, evangelizadora de muitas outras famílias e do ambiente no qual está inserida” (Familiaris Consortio, 52).
O Papa Bento XVI nos ensinava que “esta é uma instituição insubstituível, segundo os planos de Deus, e cujo valor fundamental a Igreja não pode deixar de anunciar e promover, para que seja vivido sempre com sentido de responsabilidade e alegria”.
Em sua mensagem especial para esta semana, o Santo Padre o Papa Francisco encoraja “os pais nessa nobre e exigente missão que possuem de serem os primeiros colaboradores de Deus na orientação fundamental da existência e a segurança de um bom futuro. Para isso, ‘é importante que os pais cultivem as práticas comuns de fé na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos’ (Carta Enc. Lumem Fidei, 53). E o Papa volta a falar contra “a cultura do descartável”, hoje em voga, caminho para o aborto e para o desprezo dos idosos, lembrando aos pais que eles “são chamados a transmitir, tanto por palavras como, sobretudo, pelas obras, as verdades fundamentais sobre a vida e o amor humano, que recebem uma nova luz da Revelação de Deus. De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana, os pais são chamados a transmitir aos seus filhos a consciência de que esta deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade, mas também na atenção aos mais velhos, especialmente aos avós, que são a memória viva de um povo e transmissores da sabedoria da vida”.  
Na JMJ, durante a oração do Angelus, no dia 26 de julho último, dia dos avós de Jesus, São Joaquim e Sant’Ana, o Papa Francisco já tinha lembrado a importância dos mais velhos: “Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. O Documento de Aparecida nos recorda: ‘Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas’ (DAp 447). Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado!”.

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

A graça da família


“Pela fé, embora Sara fosse estéril e ele mesmo já tivesse passado da idade, Abraão tornou-se capaz de ter descendência, porque considerou fidedigno o autor da promessa. E assim, de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão comparável às estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia na praia do mar” (Hb 11, 11-12). Abraão é considerado o “Pai da Fé” pelas três grandes religiões monoteístas, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Para elas, a experiência da presença de Deus tem sua fonte no alto, é revelação, cuja iniciativa é do próprio Senhor. A fé, certeza a respeito daquilo que não se vê (Hb 11, 1), introduz nas realidades humanas um horizonte aberto de proporções inimagináveis. Abraão se encontra presente, quando apostou tudo em Deus, na multidão dos homens e mulheres que, nas sucessivas gerações, volta seus olhos para o alto e para frente.

A graça da paternidade e da maternidade, experimentada por Abraão e Sara, há de ser posta em relevo em nosso tempo, pois, de fato, “os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre” (Sl 127, 3). Queremos oferecer, como profecia de um futuro digno para a humanidade, o presente de famílias cristãs consistentes. A contribuição genuína dos cristãos, neste campo, é a família una, fiel e fecunda. Graça e desafio! Aceitar formar famílias segundo esta proposta é antes de tudo uma vocação a ser descoberta e alimentada. Homem e mulher, pois assim foi criado o ser humano (Gn 1,27), são tocados pelo amor de Deus para serem seus sinais. A resposta, desafio a ser assumido, é construída durante a vida toda.

O coração humano não foi feito para ser dividido em vários amores. Corpo e alma, com todas as suas potencialidades, doados como sinal do amor de Cristo e da Igreja. Chama-se “sacramento” do Matrimônio! Descobrir a pessoa à qual será entregue a própria vida, não como um título de propriedade a ser adquirido, é a grandeza do casamento cristão. Trata-se de uma forma de consagração a Deus! Acreditar que os dois, unidos diante do Senhor, mostram o próprio Deus às outras pessoas e ao mundo. Nosso mundo clama por testemunhas consistentes de tais valores. Os casais cristãos descubram de novo a beleza do que receberam do Senhor e assumiram como vocação.

Com certa frequência aparecem estatísticas sobre a fidelidade e a infidelidade entre os casais. Parece uma propaganda das aventuras infelizmente existentes, que podem suscitar justamente uma banalização de uma das graças do matrimônio cristão. Desejo homenagear os casais que não submetem sua própria intimidade a perguntas que os expõem na praça pública. Sintam-se reconhecidos todos os casais fiéis, e são muito mais do que se divulga! Saibam que a Igreja faz festa com eles por conservarem, no verdadeiro tabernáculo que é sua vida conjugal, o tesouro da fidelidade, prometido com plena liberdade quando seu amor se tornou Sacramento. Não fica esquecido pelo Senhor o dom de suas vidas!

Por falar em exposição, sim, os casais cristãos têm algo a mostrar! Trata-se dos filhos, testemunhas da fecundidade do amor verdadeiro. Já se disse que o amor conjugal não é olhar um para outro a vida inteira, mas olharem os dois numa mesma direção! Olhar para o alto, participar da graça criadora de Deus, gerar filhos para a Igreja e para o mundo! É dignidade a ser sonhada e construída pelo homem e a mulher que se unem no Sacramento do Matrimônio. É graça a ser pedida pelos que se preparam ao Casamento. 
Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como boa nova para o nosso tempo.


Daí nasce o convite aos jovens vocacionados ao matrimônio, para que empreendam um caminho de discernimento e preparação correspondentes à grandeza do sacramento que desejam abraçar. Entrem na escola do amor verdadeiro, treinem a capacidade de escuta e acolhimento, exercitem a saída de si mesmos para dar espaço à outra pessoa. Peçam a Deus a graça de descobrirem a quem deverão entregar totalmente suas vidas. Sejam anunciadores de novas famílias, renovadas no Espírito Santo.

Aos casais cristãos, chegue o convite da Igreja a edificarem cada dia seus lares sobre o fundamento da fé, de modo a transmitirem valores consistentes aos filhos e os testemunharem à sociedade. Deus lhes confiou muito! A Evangelização de seus filhos começou quando estes foram gerados no amor, deixando neles uma marca indelével. Continuou quando vocês lhes ensinaram os rudimentos da fé cristã. Benditas foram as orações que lhes foram ensinadas! Deem graças ao Senhor porque vocês os apresentaram à Igreja para os Sacramentos, quando os encaminharam à Catequese. Aliás, vocês foram os primeiros catequistas! Deus lhes pague e confirme sua vocação na transmissão e educação da Fé Cristã na Família, como quer celebrar a Semana Nacional da Família. Deus seja louvado pelos valores cristãos que existem em nossas famílias, santuários da fé e da vida!

Com as famílias e pelas famílias, rezamos confiantes no dia dos pais: “Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Amém!”

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém (PA)

11 de ago. de 2013

Semana da Família 2013 - Transmissão e Educação da Fé Cristã na Família


Papel do pai é pré-figurativo de Deus Pai



Amar, educar, orientar, repreender quando preciso. Para além do sustento da família, o pai desempenha papel fundamental no ambiente familiar. Este Dia dos Pais, comemorado pelos brasileiros neste domingo, 11, representa a oportunidade de celebrar a vida desses homens que assumem a missão divina de formar cidadãos novos para o mundo.

Quando opta pelo matrimônio, o homem deve estar ciente das funções que vai exercer além de ser marido, o que inclui a responsabilidade por toda a família.

O papel do pai é pré-figurativo de Deus Pai, que nos ama, que cuida de nós, das nossas necessidades. O homem, quando se casa, ele se torna não só marido, mas responsável por sua família, seja pela esposa, seja pelos filhos.

Mas nos dias atuais, nem todo filho tem a oportunidade de crescer com a presença dessa figura paterna. As mudanças na vivência da sexualidade e a independência cada vez maior do universo feminino são apenas algumas das características da sociedade atual que tornam cada vez mais comum a existência de famílias sem pai. Isso tem reflexo total na sociedade.

A falta dessa figura paterna causa a falta de uma referência de pai, que talvez na infância não seja percebida, porque isso vai ser suprido de alguma forma pela mãe, tios e parentes, mas terá um grande impacto na adolescência, quando a criança vai perceber e sentir essa ausência da figura paterna; do carinho, auxílio e educação do pai e isso vai acarretar consequências negativas no futuro daquele filho e daquela filha.

São José, modelo de pai


Para os católicos, o grande modelo de pai é São José, patrono dos trabalhadores, da Igreja Universal, da justiça e também dos pais. Para falar da importância dessa figura religiosa, podemos lembrar a passagem bíblica que relata a matança de crianças ordenada por Herodes e o importante papel desempenhado por São José nesta ocasião.

O anjo aparece a São José, dizendo pra ele que Herodes queria matar as crianças e que ele fugisse com Nossa Senhora e com Jesus que tinha acabado de nascer. O anjo poderia aparecer a Nossa Senhora, a outra pessoa, mas veja que belo, o anjo aparece a José porque ele é o pai de família. José assume a proteção da família e foge para o Egito.

Podem-se mostrar ainda outras características de São José que podem ser herdadas pelos pais que buscam ser exemplo para seus filhos. Ele contou que José era um homem simples, trabalhador, carinhoso, orante e também muito íntimo de Deus.

Um homem que sabia colher de Deus as respostas que ele precisava para a família e pra pessoa dele, um homem que amava profundamente Jesus, o seu filho, e tinha um grande amor por sua esposa, Nossa Senhora. A figura de São José é um exemplo a ser seguido em todos os sentidos para a família católica hoje.

Com a palavra, o pai


Esse modelo de São José, além de ser ideal para a família, traz valores fundamentais para a caminhada ao longo da vida. Isso é o que pensa o vendedor aposentado Paulo Xavier Pereira, que é pai de três filhos.

Ele contou que sempre procurou vivenciar a religiosidade em sua família baseando-se na conduta de seus pais. O aposentado acredita que a figura paterna é muito importante para família e exige boa conduta, já que o pai vai ser um sinal na vida do filho.

“Eu, olhando para os procedimentos dos meus pais, comecei desde cedo a frequentar a Igreja mediante a conduta deles, que sempre frequentaram. Então existe um peso muito grande quando o pai tem a sua religiosidade, procura as coisas de Deus, todo esse procedimento do pai tem uma influência muito grande sobre os filhos", disse.

Paulo acredita que os filhos precisam se afirmar na vida e aquilo que o pai e a mãe buscam ao longo de sua trajetória deixa uma segurança para os filhos, uma "âncora para que eles, em suas decisões a serem tomadas, busquem sempre a firmeza dos procedimentos que vêm do pai".


Partilhando sua experiência de pai, Paulo deixou ainda um conselho para os jovens garotos que, um dia, vão assumir essa mesma responsabilidade. "Que eles tenham uma experiência muito particular com Jesus, que é quem realmente dá segurança para eles. Que busquem nos pais, nos catequistas, na Igreja de uma maneira geral, na Palavra de Deus, no Evangelho e na religiosidade a força para que possam vencer as dificuldades".

Fonte: Catequisar

9 de ago. de 2013

Fé: crer para ver

“Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda...” (Mt 17, 20)

Quando o ser humano vive afastado do mistério da Criação do grande mistério da vida e da morte, da vertigem do Infinito, “perde o melhor da festa”: passa pela vida como um turista tolo que devora quilômetros, de olho no mapa, sem “olhar” para a paisagem.

Ter fé é encarar de frente o mistério. A fé é um “encantamento”, “mergulho” confiante no infinito Amor de Deus, que aos poucos se manifesta nas coisas simples da vida a quem decide acolhê-lo com amor. Fé e encantamento andam sempre juntos.

 
Ter fé não é ter certeza absoluta; é estar aberto aos desafios que a vida apresenta em confronto com nossa consciência e com a Palavra de Deus. Não existem respostas prontas. A fé provoca questionamentos, perguntas, apresenta pistas, convida à ampla reflexão, ao profundo mergulho no mais íntimo de si, para que, pela experiência, encontre as próprias respostas.

A experiência bíblica de Deus se caracteriza pela constante purificação e atitude de busca. A Bíblia apresenta a experiência de um povo que sente sede de Deus, busca a Sua Face, é peregrino, acredita, se revolta, fabrica ídolos...Mas, no trajeto de sua caminhada, experimenta que Deus é o Deus da vida, da alegria, da festa... É o Deus do relacionamento e da intimidade; o Deus LIVRE para homens livres que constroem a própria história; o Deus presente na história como LIBERTADOR.

A fé é, pois, caminhada, movimento de abertura para o Pai, admirando-se e encantando-se com as novas descobertas e com os “mistérios” que se encontram dentro da pessoa e ao seu redor. FÉ é viver em “terra de andanças”, “saber armar a tenda”... Sair da própria segurança, da comodidade do que é conhecido... É “entrar” em uma terra nova, em um mundo (interior e exterior) que se abrirá na medida de nossa resposta.

Texto Bíblico: Heb. 11,1-40. A FÉ é como que possuir antecipadamente aquilo que se espera; ela engaja minha existência naquilo que não é visível e palpável, mas tão real que atrai o mais profundo do meu ser.


Pe. Adroaldo Palaoro sj
Coordenador do Centro de Espiritualidade Inaciana - CEI

Fonte: Catequese Hoje

6 de ago. de 2013

As tentações da Igreja segundo o Papa Francisco


Uma Igreja em estado permanente de missão – foi aquilo que o Papa Francisco pediu aos responsáveis do Celam, o Conselho Episcopal Latino-americano, no último dia da sua viagem ao Rio de Janeiro. Naquela ocasião, o Papa fez um elenco uma série de tentações que podem fazer falir a missão da Igreja. Um discurso feito para a America Latina mas que interpela e se aplica à Igreja em todos os continentes.

Segundo o Santo Padre devemos ter lucidez evangélica para conseguirmos ultrapassar as tentações. Ao longo destes 5 meses de pontificado o Papa foi apresentando-as e chamando a atenção para os perigos:

- reduzir a fé a uma dimensão socializante – são os cristãos que interpretam o Evangelho segundo as ideologias mais variadas que vão do liberalismo ao marxismo;

- reduzir o encontro com Jesus a uma dinâmica de auto-conhecimento. A fé abandona a sua dimensão espiritual à procura de simples bem-estar psicológico. São os cristãos sem a Cruz de Cristo;

- a tentação gnóstica – com uma proposta de espiritualidade superior, desencarnada de católicos iluminados com uma Igreja à sua medida. Cristãos que seguem as modas do tempo.

- a tentação pelagiana – de todos aqueles que procuram uma solução só disciplinar, a restauração de condutas e formas superadas com tendências exageradas para a segurança doutrinal. Cristão que procuram restaurar o passado perdido. “Mas – diz o Papa Francisco – o Evangelho incomoda-nos porque nos obriga a caminhar e a ir para a frente. Há quem queira andar para trás. A isto chama-se ser teimosos.”

- o funcionalismo paralisante – a concepção funcionalista não tolera o mistério e prefere a eficácia. Reduz a Igreja a uma estrutura de ONG. O que conta são o resultado, os números, as estatísticas.

- o clericalismo – segundo o Santo Padre trata-se de uma tentação de cumplicidade pecadora: o pároco clericaliza e o leigo pede-lhe para ser clericalizado. É um fenômeno que impede o crescimento da responsabilidade laical. É uma Igreja que cai no imobilismo. O Papa Francisco fala de uma Igreja Babysitter que não faz crescer, não acorda, mas assiste a criança apenas para a fazer adormecer. Ao contrário, diz o Papa, a Igreja é mãe e gera filhos para que sejam protagonistas, crentes com a coragem e a paixão de anunciar o Evangelho em todo o mundo.

Fonte: Rádio Vaticano